quinta-feira, 28 de junho de 2012

Memória Política


Carlos Acelino

PSDB: MOEDA DE TROCA


       Na reunião da Executiva Estadual do PSDB, Presidida por Leonel Pavan, em 14/06/2012, José Natal disse “que autoriza a executiva estadual a usar o PSDB/São José, (sic) como contra balanço nas negociações estaduais (está na ata)”. Na mesma reunião colocou que a situação está sobre (sic) controle, porém há o interesse agora do ver. Carlos Acelino Pereira e é necessário agora impedir o desgaste de uma disputa (está na ata).
Como já se disse, não temos competência nem prerrogativa de decidir nosso destino político. Tem de vir alguém da Capital para patrolar o processo, como fez Henrique Córdova em 1982. Desta vez veio o interventor Marcos Vieira, direto do Palácio, passar o rodo nos convencionais, reduzidos a 11 pelas regras que alteraram na semana anterior.
De manhã o “Notícias do Dia” já anunciava o resultado. Natal, de mão com Adeliana, como vice já definido e com 76 candidatos a Vereador. Não sei como acharam esse número, pois a lei eleitoral determina que são só 26. À noite, no salão do PSD, no Maré Alta, ao lado, dois lindos banners de Sandra Martins, iguaizinhos aos dois que ela pendurou também na Convenção do PSDB.
A Convenção foi linda. Mais um teatro promovido por aqueles que pretendem continuar mandando em São José. Desterro não perdeu a mania. Pensam que ainda estamos em 1750, quando, começamos a votar....na Ilha.
José Natal deu um show. Tentou convencer a pantomima, auxiliado por Gervásio. Afoitos, na missão da moeda de troca, esqueceram do prazo legal para registro da chapa, conforme art. 11 da Resolução PSDB 001/2012. A cédula, com os dois candidatos, um ao lado do outro, para checar a direção do braço. Assim, consumou-se a entrega do PSDB de São José ao antigo PFL, hoje PSD, do qual eles diziam ter saído. Os atores dessa entrega foram Marcos Vieira, Gervásio, Natal, Flávio e Clara Bernardes, Telmo Vieira (ele mesmo), Sandra Martins, Sergio Gomes, Édio Vieira e Vicente Alves de Souza. Só Alini Castro votou comigo pela candidatura própria. Gervásio jogou nas duas pontas: pavimentou a coligação com o PSD, mas, por via das dúvidas filiou a ex-esposa Norma, como candidata a vereadora pelo PMDB. Assim, ela vai pedir votos para si e contra Djalma. O comprovante de registro da chapa de Natal no Diretório Estadual não existia e nem foi apresentado, portanto, legalmente a Convenção é nula. Coligados na proporcional todos os candidatos do PSDB vão fazer legenda para Orvino ou Méri Hang. Com um pouco de sorte elegerão Sandra Martins que tem bala na agulha, com uma vaga. Na saída do Maré Alta uma insólita presença: Vanildo Macedo, ex-PDS, PFL, PPB, PP, PMDB, PSDB, PFL chegava para a convenção do PSD.
Eles de imediado comemoraram o resultado e foram para o palanque ao lado. Como na Palhoça, caberá à Justiça dar o veredito final.
Assim, o PSDB de São José, selou seu destino no dia 26. Se a estratégia falhar, o partido vai reduzir-se a pó. Como na Bíblia.


segunda-feira, 25 de junho de 2012

FORÇA POLÍTICA DE SÃO JOSÉ 1988/2012



A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM

     Num passado não muito distante, éramos todos do PFL. Ajudamos a eleger Dr. Jorge para o Senado e Paulinho para a Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. Em 2000, batemos o recorde fazendo a maior bancada de vereadores do PFL estadual, com Dário, Prefeito pela segunda vez, 73.836 votos, dos 106.723 apurados. Em 1988, o partido elegeu 6 vereadores. Em 1992, a bancada somou 8, dos quais os 6 primeiros mais votados. Em 1996 diplomamos 6, aumentando esse número para 8 em 2000. Portanto, o PFL josefense elegeu prefeitos Diocéles em 1988, 13.321 votos, Germano, em 1992, 17.176 votos e Dário em 1996 e 2000, com 32.972 votos e 73.836 votos respectivamente. Germano Vieira foi Deputado Estadual em 1990. Com a nossa boa ajuda, muitos pefelistas conquistaram mandatos para a Assembleia e a Câmara dos Deputados: César Souza, Onofre, Djalma, César Júnior. Com tantos predicados, o Município nunca foi lembrado. Basta procurar quantas vezes emplacamos um Secretário de Estado ou logramos um investimento expressivo do Governo do Estado na cidade. Ou seja, somos lembrados apenas na hora das eleições, quando os donos do partido, do lado de lá da ponte, ditam as regras e atendemos de cabresto. Meu primeiro mandato pelo PFL foi em 1996, me reelegendo pela mesma sigla em 2000. Por vários anos fui Secretário do Partido no Município.
Certa vez assaltaram o prédio da FEAP em Barreiros. Das nove máquinas de costura, roubaram cinco e as demais que não conseguiram levar jogaram lá de cima. Mandei ofício para o Paulinho, pedindo que me ajudasse a reparar o dano. Seu atendimento foi um simples ofício ao Prefeito Dário para que ele me desse as máquinas.
Inconformados, ao constatarmos que Dário Berger, de dois governos vitoriosos, tinha chances de voar mais alto, queríamos que ele participasse do Diretório Estadual, na Presidência do Partido, o que lhe foi prometido de pronto. Fomos todos em caravana à Assembleia Legislativa para assistir a rasteira no nosso líder maior, engendrada pelos notáveis da sigla. O acordo prévio levaria Dário à Vice-Presidência de Raimundo Colombo. Da mesa dos trabalhos Konder Reis e Jorge Bornhausen ditavam as regras e definiam quem iria alçar voo, ou seja, Raimundo Colombo, Presidente Estadual e Dário apenas como vogal na chapa, prêmio de consolação. Montamos então um projeto vencedor, para a cidade, quando migramos todos para o PSDB, e indicamos Dário para concorrer à Prefeitura da Capital. Em São José, queríamos tornar um vereador Prefeito.
Com a criação do novo PSDB josefense a bancada em peso veio junto. Apenas Gervásio e Adeliana não aderiram, permanecendo no PFL. Elegemos Dário na Capital e Fernando Elias em São José.
Fernando iniciou seu governo com 7 dos 12 vereadores da Câmara e terminou seu mandato com apenas 2, brigou com o Parlamento, dispersou os amigos, destituiu por dezenas de vezes seus colaboradores em mural, e seu projeto pessoal foi para o saco. Em 2008, Gegê, já no PSDB, interviu no Diretório legalizado e formou uma Comissão Provisória de parentes e puxa-sacos, de Fernando, tornando-o novamente candidato contra todas as perspectivas. Pretendíamos indicar Natal ou Gervásio para a disputa, pois, sua reeleição seria um fiasco eleitoral. Não deu outra, ficou em quarto colocado. Para a Câmara, fizemos três vagas das treze cadeiras: Eu, Alini Castro e Méri Hang, que neste ano retornou aos antigos mandantes e vai apoiar Adeliana. De lá para cá o Partido ficou na capa da gaita.
Agora, para a eleição de 2012, o PSD, antigo PFL, quer novamente dar as cartas em São José. Nomearam Natal Secretário relâmpago e costuraram, com a ajuda de Gegê, um acordo lá no Palácio, para que nosso Partido seja vice na chapa de Adeliana. Adeliana esteve muito tempo na Diretoria da CASAN e o esgoto de São José continua jurássico.
Eles são feras em mexer no tabuleiro. Se Adeliana ganhar a eleição, com a ajudinha dos que nunca pensaram na cidade, a antiga elite pefelista na nova roupagem de PSD, certamente vai mandar de novo em São José, por 4 ou 8 anos e novamente tratar o município a pão e água. Eles sempre tiveram razão quando falavam que aqui é uma cidade dormitório da capital, cujos destinos devem ser traçados do outro lado da ponte, com a conivência de meia dúzia que só pensa em si e manda o interesse coletivo do cidadão josefense às favas. Faltando dez dias para a convenção Natal com a assinatura de Leonel Pavan, interviu na Comissão Provisória de São José, destituindo Carlos Acelino, Alini Castro, Romeu Erckmann, Eliane Santos Pereira, Valdenir Hilleshein, Márcio Pacheco e Ângela Maria Nunes, esqueceu, porém, que o Art. 96, do Estatuto garante voto dos dois vereadores sacados na Convenção.
Portanto, senhores convencionais do PSDB, ainda dá tempo de decidir: ou voltam a formar um grande partido com grandes projetos, ou sepultam a sigla, levando-a a reboque de quem não quer um PSDB forte e atuante no Município.

Carlos Acelino
Vereador – Pré-Candidato na Convenção do PSDB a Prefeito – 26.06.2012

quinta-feira, 21 de junho de 2012

MEMÓRIA POLÍTICA


Carlos Acelino

O sósia de Irineu Bornhausen

 

       Nos anos 50, o governador udenista Irineu Bornhausen, visitou o Município São José e ficou surpreso ao conhecer Mário Vieira da Rosa, seu sósia perfeito, tamanha a semelhança. Estupefato ficou mais ainda ao constatar, que aquele cidadão, além da semelhança física, tinha a sua idade e havia nascido no mesmo dia de seu natalício. Mas, como ninguém é perfeito, o sósia de Irineu tinha um grande defeito. Era do PSD.
       Nascido no coração da cidade, em 25/03/1896, Mário era filho de Francisco Vieira da Rosa e Amélia dos Santos Rosa, neto paterno de Manoel Joaquim da Rosa, vereador de 1887 a 1890, e de Francisca Vieira da Rosa, que era filha de Jacó Vieira da Rosa, vereador em 1837 – 1838, e 1849 – 1852, e materno de Joaquim Maximiano dos Santos, também vereador por duas vezes, de 1865 a 1872. De família josefense tradicional, tinha 9 irmãos: Fúlvio, que foi também vereador em São José, Ariston, Alice, Cecília Rosa Lopes - nome de Colégio em Forquilhinha - , América, Lacínia, Colatina, Osni Francisco e um irmão que morreu pequenino. De estatura franzina, cabelos pretos, bem corado, descendente de alemães por parte de sua mãe Amélia, quando moço trabalhou por uns tempos na madeireira Fonseca E Cia., de Ponta Grossa, Paraná. Retornou a São José, e com as economias que juntara, abriu uma pequena venda na Praia Comprida. O negócio se expandiu, tornando-se um grande armazém, com boa freguesia, no qual trabalhou por mais de 40 anos. Casou-se, aos 29 anos, em 17/12/1925, com Esther Domingues, filha de Antônio Joaquim Domingues e Maria Luiza Fontes Domingues. Sua formação escolar foi desenvolvida na escola de Dona Ana Schneider (Dona Nininha), até a 4 ª série do curso primário. Residiu até a morte, na Praia Comprida, onde faleceu em casa, no dia 20/09/1982. No armazém, Antônio Machado trabalhou por muitos anos nas funções de caixeiro. Do casamento, teve cinco filhas: Maria Esther, Ruth, Nilda, Neide e Maria Laura. Tinha paixão pela política, pessedista fanático. Foi membro do Conselho Consultivo de São José, de 1933 a 1936. Tornou-se vereador aos 40 anos, na eleição de 01.03.36, pelo partido liberal catarinense, tendo legislado até novembro de 1937, quando Getúlio mandou fechar todas as câmaras municipais. Na sessão de instalação da Câmara Municipal de São José em 30/04/36, presidida pelo Juiz Eleitoral, Mário de Carvalho Rocha, foi eleito Vice-Presidente da primeira mesa diretora da Câmara Municipal de São José.
        De religião católica não praticante, com a chegada, em 1948, dos padres capuchinhos, que fizeram as missões em São José, tornou-se católico fervoroso e freqüentador da igreja. As filhas fizeram até uma festinha, para comemorar a chamada “conversão” do pai, como se fosse sua primeira comunhão, sacramento do qual ele nem lembrava que existisse. Na sala da casa, promoveram um café com três bolos denominados fé, esperança e caridade. Um bolo em forma de cruz, outro em forma de âncora e um terceiro em forma de coração.
       Apesar do temperamento expansivo, um pouco nervoso, era um pai dedicado, calmo, orientador e amigo, objeto de grande admiração das filhas, o oposto da esposa, de índole autoritária e postura rigorosa e exigente. Como os opostos se atraem, vivia em grande harmonia com a companheira. Fomentou os estudos das filhas, formou todas as cinco normalistas no Colégio Coração de Jesus. Para sua época tinha uma visão mais avançada a respeito da mulher, de que ela deveria estudar, formar-se e conquistar espaço no mercado de trabalho, numa sociedade em que a mulher ainda devia ser orientada para os trabalhos de mãe e esposa. Faleceu dois anos antes da morte da esposa, vítima de derrame, quando já estava aposentado por muitos anos. Era leitor habitual do jornal O Estado, não perdia a coluna de Rubens de Arruda Ramos e costumava sempre ouvir a Voz do Brasil. Sua casa era muito freqüentada por políticos da época, os prefeitos João Machado Pacheco Júnior e Arnoldo Souza, os políticos que eram médicos na Colônia Santana e Santa Tereza, como Agripa de Castro Farias, Tolentino de Carvalho, diretor da Colônia Santa Tereza por muitos anos, casado com a irmã de Aderbal Ramos da Silva, Dr. Alfredo Cherem, médico que passava pelo armazém para comprar as bananas selecionadas vindas de Picadas. Nas eleições ele já fornecia às filhas os envelopes com os nomes dos candidatos da família.
   Era considerado um Santo Antônio casamenteiro, adorado pelas cinco filhas. Preocupava-se com o casamento delas, de olho na descendência, talvez porque possuísse três irmãs solteironas. Homem de grande coração e muito sentimental, chorava a cada nascimento de um neto. As filhas Nilda e Maria Esther estudaram no colégio Francisco Tolentino na praça de São José, fundado em 1926, e mais tarde lecionaram no mesmo. Mário e a filha Esther foram testemunhas de casamento de Antônio Machado, o Machadinho, em Picadas.
   Mário Vieira da Rosa era um cidadão trabalhador, honesto, responsável, dinâmico, próspero, sensível, religioso, cumpridor de seus deveres, um padrão de valores morais. Valorizava o papel da mulher na sociedade, incentivando o estudo, para que cada filha descobrisse sua vocação, seguisse o próprio caminho e ocupasse seu espaço. Acompanhava-as sempre aos bailes do clube 1º de Junho. Sua prole desenvolveu-se resultando em 25 netos, 38 bisnetos e 2 trinetos.
      Seu nome consta de uma servidão na Praia Comprida, atrás da casa onde residia.

MÁRIO VIEIRA DA ROSA, aos 35 anos, a esposa Esther e as filhas Maria Esther, Nilda e Ruth

MÁRIO VIEIRA DA ROSA, aos 60 anos com a esposa, filhas, genros e netos

MARIO VIEIRA DA ROSA, com a esposa Esther, e as filhas – Maria Esther, Rute, Nilda, Neide e Maria Laura