terça-feira, 22 de outubro de 2013

Memória Política

Carlos Acelino 



Homofóbicas

Defunto queima filme

Uma história real acredite se quiser. É o que eu defino como “homofobia póstuma”.Um amigo meu, assumidamente homossexual por toda a existência, faleceu com 52 anos. Com as conhecidas dificuldades de enterrar pessoas em São José, foi um sufoco para alojá-lo no cemitério de Barreiros. Após muita hesitação, sua irmã autorizou sepultá-lo no túmulo do ex-marido (portanto, cunhado do falecido).
Passados dois meses, a irmã começou a pressionar toda a família (eram 20 irmãos) para exumar a ossada e achar um novo túmulo, pois tava pintando muito viado na sepultura para visitar o falecido. Pode?
Bola de fogo na família, muita briga e bate boca, entre os tantos irmãos, 73 sobrinhos e 118 filhos de sobrinhos.
Três anos se passaram e finalmente conseguiram um túmulo para a exumação. Dessa vez a briga ficou mais feia. A irmã disse que não precisava tirá-lo de lá, bastava apenas fazer um túmulo vazio, com o nome do falecido, para as bichas visitarem.

Cabecinha

Reunião do Colegiado de Djalma Berger. Como Líder do Governo, pedi mais entrosamento entre os Secretários e a Câmara Municipal.
Falta de diálogo, informações desencontradas e chá de cadeira aos Vereadores que apoiavam o Governo nos atendimentos das Secretarias foram relatados.
Solicitei mais cooperação, afinal estavam no mesmo barco e o reflexo das atitudes chegavam ao povo. Muita pressão, a maioria me hostilizando, alguns até com menosprezo, com aquele ar de estarem acima do bem e do mau. Por certo não absorveram o óbvio de que eram empregados do povo, que pagavam seus salários e ocupavam tais espaços porque tínhamos ganho as eleições. Não suportando mais o clima me levantei e disse que não ia ficar levando porrada na Câmara para garantir o emprego de meia dúzia de sacripantas. Ato continuo abandonei o Gabinete e sai batendo a porta mandando todos...
Na semana seguinte alguém me falou que um certo Secretário de Comunicação (isso mesmo), estrangeiro que pousou de paraquedas no governo direto de Blumenau, andava comentando nos corredores da Prefeitura: - “Se eu perder para um viado desses não empato com mais ninguém”
Cobrei dele sobre o infeliz surto homofóbico de pescoço empinado, continuou não colaborando, passando a me ignorar totalmente e mantendo o tratamento arredio à base do Governo. Três meses depois estava exonerado, não por minha influência, mas porque, lógico, era uma anta.

Parada da Diversidade

Campanha de 2000. Em carreata no Bairro Ipiranga tentando meu terceiro mandato, saltei da Saveiro e abordei um cidadão na porta de casa, e ele foi curto e grosso: “- Não voto em ti porque és bichona”.
Contei até dez e dei a resposta: “- Ainda bem que não preciso do teu voto, pois vou me eleger com os votos da tua esposa e filhos, que não são iguais a ti, e tenho certeza vão me ajudar. Além do mais, pretendo contribuir com minha cidade, usando apenas o cérebro.”
Apurado o resultado da eleição fiz 2.870 votos e emplaquei o meu terceiro mandado pelo PSDB, sendo o quarto Vereador mais votado.



sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Memória Política

Carlos Acelino   



Décima Sexta Legislatura

A Sucessão de Dário (II) – Candidato instável, pretendente insistente e Convenção malograda


       As eleições de São José em 2004 foram marcadas por grandes disputas. A primeira delas foi a luta travada a nível nacional, entre o Ministério Público e a classe política, que resultou na diminuição de cadeiras das Câmaras Municipais. No Município, as vagas se reduziram de 21 para 12, mudando totalmente o perfil das candidaturas e das coligações. A segunda batalha foi entre Gervásio Silva (PFL) e Fernando Elias (PSDB). O primeiro, ex-prefeito empreendedor, Deputado Federal no segundo mandato e praticamente imbatível. Fernando Elias, vereador por três legislaturas, Secretário de Educação, de carreira política ascendente e turbulenta, lutou incansavelmente pela indicação, embora despontasse com apenas 6% nas pesquisas, contra 35% de seu adversário. As tentativas para indicação do nome que disputaria para suceder Dário no PSDB iniciaram com lances cinematográficos. O Vice-Prefeito Vanildo Macedo, Prefeito – Tampão era o candidato natural. Mas assumira a Prefeitura em abril mandando auditar as contas de Dário. Carlos Acelino, Presidente do PSDB e o vice, José Natal gostariam de disputar. Édio Vieira, Secretário de Saúde, também estava no páreo. Pesquisa interna do Partido apontou a liderança de Vanildo, seguida de Fernando Elias e Édio. O acerto entre todos era pela indicação baseada no melhor desempenho na pesquisa. Elias afirmava que, com pesquisa ou sem, disputaria a Convenção de qualquer jeito. Pelas laterais, Juquinha, ex-Vereador de São José e futuro Secretário de Dário na capital, tentava negociar com o PSDB, para que o Partido indicasse aqui o vice na chapa de Gervásio (PFL). Na Convenção de 30 de junho, no Clube 1° de junho, presentes mais de mil pessoas, o impasse se consumou. O presidente Carlos Acelino já havia fechado quatro coligações, com o PMDB, PSDB, PTB e PP. Vanildo chegou à Convenção como candidato, Fernando Elias também, e afirmava que havia acertado com Vanildo, a desistência dele poucas horas antes. O Presidente, obedecendo ao acordo anterior e à pesquisa, lançou Vanildo. Fernando pediu a palavra e também se lançou. Com o quadro indefinido, surgiram mais três nomes para a disputa: José Natal, Édio Vieira e o próprio Acelino, que suspendeu a Convenção, para negociações. Vanildo se irritou, e abandonou o recinto com a esposa. Vários telefonemas para Vanildo não foram atendidos. O Secretário Estadual do Partido Marcos Vieira foi chamado para mediar a crise. O tempo foi passando e não houve acertos. Vanildo continuava desaparecido e sem contatos. A Convenção teria que ser encerrada à meia-noite, quando foi homologado o nome de Ademar Koerich de candidato transitório, como medida alternativa, até que as partes se acertassem. Passaram-se dois dias de reuniões, conversas e encontros com a Executiva Regional. Vanildo Macedo continuava sem dar sinal. A bancada estava imbuída de indicá-lo, desde que aparecesse. No dia 2 de julho, à noite, no Restaurante Pegorini, presentes Dalirio Beber, Presidente Estadual e sua Executiva, foi homologado o nome de Fernando Elias como candidato, por 16 vereadores: Édio Vieira, Carlos Acelino, José Natal, Agostinho Pauli, Adi Xavier e Adilson de Souza e o próprio Fernando, pelo PSDB. Pelo PMDB, Neri Amaral, Telmo Vieira e Valdemar Schmidt, este, na condição de candidato a Vice. Maria das Graças Pereira, Altevir Schmitz e Carlos Lelis votaram pelo PTB. Orvino e José Francisco da Rosa firmaram pelo PP. Estava formada a Coligação “Vencer pelo Trabalho” para enfrentar Gervásio Silva nas urnas. Dois dias após, o PP desistiu da Coligação, alegando que sua decisão de aliar-se dependia de que o candidato fosse Vanildo e o partido não apoiava Fernando Elias de jeito nenhum. Iniciada a campanha, muitos sobressaltos dominaram o cenário político de São José. Dário Berger deixara a Prefeitura em 31 de março, após promover uma debandada de Vereadores, do PFL para o PSDB, partido no qual disputaria a Prefeitura da Capital. Comentava-se que “na sombra” estava apoiando Gervásio, do PFL, ex-partido de todo o grupo político empenhado no processo. De outra parte, ante a aparente certeza de que Gervásio era imbatível, achava-se que muitos candidatos da Coligação Vencer pelo Trabalho, que unia PSDB, PMDB, PTB e PMN, ficavam em cima do muro. Carlos Acelino, Presidente da Câmara e do Partido, desgastado e irritado com o panorama, desistiu de disputar e abandonou sua candidatura a Vereador, já homologada pela Convenção. Fernando Elias começou a crescer nas pesquisas.  Incansável correu todo o Município, de manhã até a madrugada e chegava em casa diariamente, rouco e manco. Semanalmente subia 5 pontos. Pulou de 6% para 12%, depois 18%, 22%. Gervásio permanecia com os 35% iniciais. A campanha se parecia com a de 1996, quando Dário Berger iniciou com 3% contra 35% de Marli Marçal, fechando o mapa com 8.220 votos na frente. Para tumultuar mais a campanha, Domingos Ghedin, Secretário de Educação de Vanildo Macedo demitiu mais de 300 professores ACTs, todos ligados a Fernando. Faltando um mês para a eleição, Vanildo reuniu o secretariado e manifestou apoio à candidatura de Gervásio, sacramentando com esse ato indigesto, a vitória de seu adversário, com 8.856 votos na frente. O resultado oficial foi liberado às 23:25 horas pela Juíza Eleitoral Haydée Denise Grim. Compareceram 109.756 dos 122.870 eleitores aptos a votar em 337 urnas. A abstenção foi de 13.114 eleitores (10.67%), menor que a de 1996 (12.11%). No Ginásio de Esportes de São José, foram divulgados os números da eleição.  

 

Memória Política

Carlos Acelino 



Décima Sexta Legislatura

A Sucessão de Dário (I) - Vereadores formam novo projeto político


            Com uma expressiva aprovação nas urnas, Dário Berger iniciou o segundo mandato no calor da ampla aprovação popular. Já em setembro de 2001, começaram as cogitações em torno da sucessão. No ano seguinte haveria eleição majoritária para presidente, governador, senadores, deputados federais e estaduais, e o tabuleiro político de São José iniciava seus primeiros movimentos.
            Fernando Elias, vereador mais votado em 2000 e Secretário de Educação, saiu do PFL no final de setembro, filiando-se ao PPB, de olho numa possível vaga a Deputado Federal ou estadual, prometida por Amin. Sabia que no PFL não teria chance, pois a bola da vez era o Secretario de Obras Djalma Berger, e Gervásio Silva iria para a reeleição à Câmara dos Deputados. A bancada do PFL, capitaneada pelo líder do governo Carlos Acelino, passou a exigir de Dário a exoneração de Fernando do cargo de Secretário, pois, a Educação era cota do partido no governo. Alfinetadas de ambas as partes esquentaram o processo. Édio Vieira, diretor da Ceasa e Agostinho Pauli, do Hospital Regional, ficaram no brete. Com a briga travada dentro da sigla e a provável exoneração de Elias, o governo do Estado (PPB), poderia retaliar e exonerá-los dos cargos. Dário dava uma de bombeiro, tentando convencer Elias a voltar atrás. Mesmo porque sua provável candidatura em 2002 enfraqueceria o Projeto São José: Gervásio federal e Djalma, estadual. Para complicar ainda mais o meio de campo, Vanildo Macedo, vice-prefeito também deixou o PFL filiando-se ao PPB, provavelmente de olho numa vaga para concorrer à Assembleia Legislativa. Fernando esperneava argumentando que queriam crucificá-lo. “- a região metropolitana tem 700 mil eleitores. É um absurdo que todo esse espaço seja ocupado por um só candidato” – dizia. Permanecendo o impasse Acelino, em carta de protesto entregue ao Prefeito, renunciou à liderança do governo em dezembro. Em abril de 2002, Djalma Berger deixou a Secretaria de Obras para concorrer a Deputado Estadual. Fernando retornou ao PFL, mantendo-se na Secretaria de Educação. Em outubro, Djalma Berger foi eleito deputado estadual e Gervásio Silva tornou-se o quarto Deputado Federal mais votado, reelegendo-se com 113.137 votos.
            Em 16 de fevereiro de 2003, faleceu tragicamente o vereador Eugenio Manoel da Cunha, na Ponte do Rio Maruim. No dia 8 de março de 2003, por consenso, foi eleita a nova Comissão Executiva Municipal do PFL, com Dário e Fernando Elias, Presidente e Vice, Jaime de Souza, Secretário e Carlos Acelino Tesoureiro.
            O primeiro desfecho que conduziria Dário à Prefeitura da Capital ocorreu em abril. As vésperas da Convenção Estadual, o Presidente do PFL Raimundo Colombo sinalizou oferecer a Dário a vice-presidência estadual do Partido e a possibilidade de sua indicação para concorrer a Prefeito de Florianópolis, espaço de há muito tempo pleiteado. Afinal, o PFL de São José era a maior bancada do Estado, com 8 vereadores e detinha a Prefeitura e a Presidência da Câmara. Os prognósticos não se realizaram. Na formação da nova executiva, Dário foi podado no processo. Encaminhou carta de desfiliação, em 9 de abril, diretamente ao senador Jorge Bornhausen. Ato contínuo, o PMDB também começou a conversar com Dário, sem oferecer a candidatura na Capital. O candidato deles era João Henrique Blasi. Iniciava-se ali o esboço do novo projeto político, que migraria todo o grupo pefelista que o apoiava, para o PSDB. Em setembro, Dário transferiu o título eleitoral para Florianópolis, filiando-se ao PSDB, em ato na Assembleia Legislativa, com a presença de Leonel Pavan e Marcos Vieira. No mesmo mês, os vereadores da base de apoio reuniram-se na churrascaria Riosulense, Estreito e decidiram seguir Dário na sigla.
            Apesar de muita conversa, a vereadora Adeliana bateu o pé em ficar no PFL, com Gervásio e foi exonerada da Saúde onde se manteve por 8 anos, 9 meses e 21 dias, retornando à Câmara. Lédio Coelho também não veio e Luiz Raupp continuou no Parlamento, na vaga de Édio Vieira, também permanecendo no PFL. O relutante Fernando Elias, finalmente juntou-se ao grupo. O acordo tácito era de que todos comporiam a nova sigla, com a condição de que Gervásio não fosse candidato no ano seguinte. Caso ocorresse, o candidato do PSDB seria um vereador. Migraram para o PSDB João Rogério de Farias, João Ricardo, Juquinha, David Leôncio, Adi Xavier, Édio Vieira, Agostinho Pauli, Fernando Elias, Peduca, Carlos Acelino e Vanildo Macedo. José Natal Pereira também deixou o PPB e filiou-se ao PSDB, que perdeu o seu até então único vereador, Altevir Schmitz que correu para o PTB.
            No dia 17 de agosto, o Diretório municipal do PSDB se auto-dissolveu, para formação de um novo grupo, agregando todos os novos tucanos. Uma Comissão Provisória foi formada no intuito de reorganizar o Partido. Natal continuou como Presidente e a Comissão incluía Ademar Koerich, Sandra Bampi, Flavio Bernardes, Carlos Acelino, Djalma Berger, Édio Vieira, Fernando Elias, Adi Xavier, João Rogério de Farias e Agostinho Pauli. Já nessa época, fortes rumores na cidade afirmavam que Gervásio seria candidato em 2004, pelo PFL e César Souza, como sempre, também. Em 27 de setembro, os tucanos fizeram um dia de filiações, somando 752 fichas.
            A Convenção, realizada em 29 de novembro no Ginásio João Martins, Areias, elegeu o novo Diretório, mas não concluiu a Executiva, com o surgimento da candidatura de Fernando para Presidente. A chapa estava definida em consenso quando Elias decidiu melar o acordo e disputar o cargo com Acelino. Foi então marcada a reunião do Diretório para 3 de dezembro na Câmara Municipal onde, após discursos inflamados e muita conversa nos bastidores, Fernando recuou do intento e permaneceu na chapa como Secretário, cargo que tinha sido oferecido a Ademar Koerich, e que foi disputado entre ele e Édio Vieira, o qual perdeu na votação. Para unir o grupo, Ademar abriu mão de seu cargo. Foi finalmente aclamada a nova Comissão Executiva: Presidente, Carlos Acelino; Vice-Presidente, José Natal; Secretário, Fernando Elias; Tesoureiro, Édio Vieira e Vogais, Adi Xavier e Agostinho Pauli. Estava dada a largada para a sucessão de Dário Berger.