Carlos Acelino
MÁQUINAS ELEITORAIS
Desde as calendas, a máquina
pública sempre influiu nos resultados eleitorais. Um bom governo é máquina
poderosa para eleger o seguinte. Governos medíocres provocam derrotas
inesperadas e interrompem a continuidade. Na Velha República (1889/1930), pobre
não votava, e nem concorria. As oligarquias dos grandes proprietários de
terras, agricultores e pecuaristas poderosos ditavam as regras eleitorais e
sempre elegiam seus representantes. Somente cidadãos com maior poder aquisitivo
podiam votar e serem votados. Na Presidência da República, a “política do café
com leite” revezou por 40 anos, políticos, em sua maioria de São Paulo e Minas
Gerais, um dos pretextos para Getulio Vargas se insurgir contra as elites
dominantes e chegar ao Palácio do Catete, onde permaneceu por 24 anos. Com o
advento da Nova República (Revolução de 1930), o voto também foi estendido às
mulheres e todo cidadão passou a ter o direito de concorrer, exceção aos
analfabetos. Entre 1936 e 2012 foram realizadas 18 eleições para vereador. Na
maioria delas o sucesso de grupos políticos nas urnas deu-se pelo desempenho de
máquinas administrativas e da atuação dos governantes. Na maioria dos casos
eles elegeram os sucessores para Prefeito e os vereadores mais votados. Qualquer
cidadão investido como Secretário Municipal ganha maior projeção em
candidatura, não só pelo tamanho, abrangência, e a gama de serviços da Pasta,
como pelo desempenho do titular. José Natal Pereira venceu todas as 5 eleições
para vereador com seu ótimo trabalho nas Secretarias de Barreiros e Obras. A
vereadora Meri Heng teve votação gigante em 2008 (3.954 votos, marca ainda não
superada) por seu trabalho abnegado e reconhecido na Secretaria de Educação, a
mesma que tornou Fernando Elias, vereador mais votado em 2000 e o credenciou
para Prefeito em 2004. Adeliana Dal Pont pavimentou sua vida política de
sucesso em 8 anos de ótimo desempenho na Pasta da Saúde. Foi a segunda
vereadora mais votada em 2000, reelegeu-se em 2004, ficou em segundo para prefeita
em 2008 e consagrou-se em 2012 com 61,19% das urnas. Em todas as campanhas o
tema “Saúde” foi predominante, referência ao seu bom trabalho nos governos
Gervásio Silva e Dário Berger. Nos 10 anos do bipartidarismo (1966 a 1976), a Arena
mandava no país e sempre ocupou a maioria das cadeiras do Parlamento josefense.
Em São José tudo começou na breve democracia de 1936-1937, quando a euforia
liberal elegeu prefeito o interventor João Machado Pacheco Junior e o Partido Liberal
Catarinense fez cinco das sete vagas da Câmara, com os dois vereadores mais votados,
Joaquim Vaz e Francisco Goedert. Este último foi também o vereador mais votado
em 1947 e 1950, feito só conquistado por Natal, também o mais votado por duas
vezes, em 1992 e 2004. Em 1947, o prefeito Arnoldo Souza, do PSD, elegeu 7 dos 9
vereadores, todos eles os mais votados. Na eleição de 1950, o PSD de Arnoldo
Souza elegeu o sucessor Silvestre Philippi e seis vereadores (os três primeiros
mais votados) contra 3 da UDN. Gentil Sandin, o Presidente da Câmara que
concluiu o governo do pessedista Silvestre, que renunciou, elegeu a maior
bancada em 1954 (cinco a quatro) com, novamente os três vereadores mais votados.
Homero de Miranda Gomes, UDN, elegeu cinco dos nove vereadores em 1958, sendo
os dois primeiros mais votados e ainda fez seu sucessor João Adalgiso, na
eleição majoritária de 1960. No pleito de 1962, os udenistas empataram com o
PSD (quatro a quatro) e o PTB fez sua primeira vaga, com Manoel Camilo Madalena.
O vereador mais bem votado foi Cândido Amaro Damásio, do partido governista,
que Homero elegeu em 1965 seu sucessor. Na primeira eleição do bipartidarismo,
o prefeito Candinho, na Arena, elegeu oito dos nove vereadores da Câmara, sendo
todos eles os mais votados. Nessa disputa o MDB de São José elegeu seu primeiro
vereador, Joaquim José Vieira. Na eleição seguinte, 1969, os mandatos passaram
a coincidir e o Prefeito Candinho, elegeu Germano Vieira seu sucessor pela Arena
que, concorrendo com dez candidatos, preencheu todas as nove vagas do Parlamento.
Germano governou com maioria absoluta e em 1962 fez o sucessor, Arnaldo
Mainchein de Souza, o “Neco”. Novamente a Arena de Germano carimbou todas as
onze vagas de vereador. Quatro anos mais tarde, 1966, Neco fez sucessor Geci
Thives e a Arena elegeu nove dos treze vereadores. Iniciava-se a carreira
política mais duradoura de nossa historia. Orvino concorreu pela primeira vez,
e foi o segundo vereador mais votado do MDB. Já entrou com o pé direito, pois a
legislação eleitoral, esticou seu primeiro mandato para seis anos. Na eleição
de 1982, Constâncio Krummel Maciel, que sucedeu Geci Thives em mandato tampão,
elegeu seu sucessor Germano Vieira, pela segunda vez e o PDS, antiga Arena fez
uma bancada de nove vereadores, contra oito do, agora, PMDB. Germano migrou
para o PFL e em 1988 elegeu prefeito seu sobrinho Diocéles. Os votos brancos e
nulos foram maiores que os conferidos ao prefeito eleito: 15.793 a 13.321. O
desgaste de sua segunda gestão resultou em minoria no Parlamento, sete das
dezenove vagas. Mesmo assim o PFL fez a maior bancada. As demais vagas ficaram
com PDS/PDC, cinco; PMDB, quatro; PDT, dois e PSC, um. Nessa eleição o PT
iniciava sua história em São José, concorrendo com apenas sete candidatos, que
somaram, ao todo, 125 votos. Rosangela de Souza, a mais votada da sigla, fez 45
sufrágios. Na eleição de 1992, o pefelista Diocéles, elegeu o tio Germano pela
terceira vez, num resultado altamente suspeito e o partido fez oito dos vinte e
um vereadores, sendo do mesmo os seis primeiros mais votados. Entretanto, a
maioria parlamentar oposiosonista afastou o prefeito dois anos depois. Gervásio
Silva, vice-prefeito e sucessor de Germano, realizou um governo empreendedor e
emplacou Dário Berger em 1996, numa campanha iniciada com 3% de apoio popular e
a coligação PFL/PMDB elegeu dez dos vinte e um vereadores, todos com expressiva
votação, sendo Adi Xavier o primeiro. Dário fez um dos maiores dos governos
josefenses e em 2000 conquistou 84,72% dos votos apurados. Sua ampla coligação
conquistou quinze das vinte e uma vagas de vereadores, sendo Fernando Elias,
Secretário de Educação o mais votado. Adeliana, da Saúde, foi a segunda
colocada. Dário e seu grupo político deixaram o PFL e fortaleceram o PSDB, que
elegeu o sucessor Fernando Elias em 2004, numa coligação (PSDB, PMDB e PTB) que
fez sete dos doze vereadores. No mesmo ano, transferiu o domicilio eleitoral
para a Capital, elegeu-se Prefeito e governou Floripa por oito anos. Durante 76
anos, a máquina pública josefense só fracassou em campanhas por quatro
momentos: na eleição de 1955 o pessedista Gentil Sandin, não elegeu Antonio
Machado, o “Machadinho”, seu sucessor, pela força de Homero de Miranda Gomes,
médico respeitado que concorreu na UDN do governador Irineu Bornhausen. O PSD
entretanto elegeu 5 dos nove vereadores, três deles os mais votados. Em 2004 o
prefeito Vanildo Macedo, PSDB, virou a casaca 15 dias antes da eleição em favor
de Gervásio Silva, PFL, atitude que sacramentou a derrota de Gegê para Fernando
Elias. A coligação vencedora para prefeito emplacou sete dos doze vereadores.
Na eleição seguinte, a administração turbulenta de Fernando Elias, barrou sua reeleição,
lhe reservando um 4⁰
lugar na disputa, elegendo apenas três dos treze vereadores. Djalma Berger
tornou-se prefeito pelo PSB com apenas um vereador (Sanderson de Jesus), mais dois
do PR. Fez várias alianças equivocadas para governar e perdeu em 2012 para
Adeliana Dal Pont, apesar de sua coligação ter conquistado dez das treze cadeiras
da Câmara. Seis delas só de seu partido, o PMDB.
Gervásio Silva, PFL, quarto Deputado Federal mais votado em 1998 (79.791
votos, sendo 30.134 só de São José). Reelegeu-se em 2002 (113.137 votos, dos
quais 22.548 de São José). Em 2004, a máquina pública o derrotou para prefeito,
pelo apoio oportunista de última hora do titular Vanildo Macedo, do PSDB