segunda-feira, 20 de maio de 2013

Memória Política

Carlos Acelino 


BONS DE URNA


      O experiente Valdemar Schmidt, o Capitão (cinco mandatos consecutivos de Vereador e um de Vice-Prefeito) falou-me certa vez que uma frase é meia campanha. Em 1996 Gervásio Silva lançou Dário Berger a Prefeito usando o tema “o trabalho vai continuar”, referência ao seu ótimo desempenho em dois anos e oito meses de governo. Foi a única vez que a TV entrou em campanha majoritária na cidade. Dário deu um show na telinha, usando o ótimo slogan em produções bem elaboradas. Iniciou sua campanha com 3% das preferências contra 39% de Marli Marçal e ganhou a eleição com 47,46% dos votos.
Na campanha pela emancipação de Barreiros a frase não funcionou. O título do jornal de campanha “Barreiros, quem ama separa” trabalhou contra. Piorando as coisas, choveu muito no dia da eleição e a emancipação não passou por falta de quorum.
“Em São José dia 03 de outubro é Natal”. A boa tirada fez dele o Vereador com mais votos na eleição de 1992 (1.345) e ele não parou por ai. Foi o segundo em 1996 (1.635), o quarto em 2000 (1.980) e novamente o primeiro em 2004 (3.160). Adeliana foi a segunda mais votada na eleição de 2000 (2.228 votos) com a frase “100% Saúde”. É certo que para emplacar numa eleição não basta só uma frase. Outros predicados trabalham a favor, a estratégia de campanha, o desempenho do candidato, os investimentos, o uso da máquina, etc..
Relacionados a seguir os mais votados desde 1936 (18 legislaturas). A lista contempla os três primeiros colocados em cada eleição.





Com a taça. José Natal foi o terceiro na geral de 1988 e em 1996 foi o segundo mais votado. Em 2000 ficou em quarto. Em 1992 e 2004 chegou em primeiro. Concorreu em 5 eleições, sem derrota. Em 2012 foi eleito Vice-Prefeito.





Chico Gueda (o segundo, sentado). Francisco Goedert ganhou as quatro eleições disputadas. Foi o segundo mais votado em 1936, o primeiro de 1947 e 1950, não concorreu em 1954 e em 1958 ficou em terceiro. Era de Taquaras, Rancho Queimado e comerciante próspero em Barra Clara, Angelina.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Memória Política

Carlos Acelino 


MÁQUINAS ELEITORAIS


Desde as calendas, a máquina pública sempre influiu nos resultados eleitorais. Um bom governo é máquina poderosa para eleger o seguinte. Governos medíocres provocam derrotas inesperadas e interrompem a continuidade. Na Velha República (1889/1930), pobre não votava, e nem concorria. As oligarquias dos grandes proprietários de terras, agricultores e pecuaristas poderosos ditavam as regras eleitorais e sempre elegiam seus representantes. Somente cidadãos com maior poder aquisitivo podiam votar e serem votados. Na Presidência da República, a “política do café com leite” revezou por 40 anos, políticos, em sua maioria de São Paulo e Minas Gerais, um dos pretextos para Getulio Vargas se insurgir contra as elites dominantes e chegar ao Palácio do Catete, onde permaneceu por 24 anos. Com o advento da Nova República (Revolução de 1930), o voto também foi estendido às mulheres e todo cidadão passou a ter o direito de concorrer, exceção aos analfabetos. Entre 1936 e 2012 foram realizadas 18 eleições para vereador. Na maioria delas o sucesso de grupos políticos nas urnas deu-se pelo desempenho de máquinas administrativas e da atuação dos governantes. Na maioria dos casos eles elegeram os sucessores para Prefeito e os vereadores mais votados. Qualquer cidadão investido como Secretário Municipal ganha maior projeção em candidatura, não só pelo tamanho, abrangência, e a gama de serviços da Pasta, como pelo desempenho do titular. José Natal Pereira venceu todas as 5 eleições para vereador com seu ótimo trabalho nas Secretarias de Barreiros e Obras. A vereadora Meri Heng teve votação gigante em 2008 (3.954 votos, marca ainda não superada) por seu trabalho abnegado e reconhecido na Secretaria de Educação, a mesma que tornou Fernando Elias, vereador mais votado em 2000 e o credenciou para Prefeito em 2004. Adeliana Dal Pont pavimentou sua vida política de sucesso em 8 anos de ótimo desempenho na Pasta da Saúde. Foi a segunda vereadora mais votada em 2000, reelegeu-se em 2004, ficou em segundo para prefeita em 2008 e consagrou-se em 2012 com 61,19% das urnas. Em todas as campanhas o tema “Saúde” foi predominante, referência ao seu bom trabalho nos governos Gervásio Silva e Dário Berger. Nos 10 anos do bipartidarismo (1966 a 1976), a Arena mandava no país e sempre ocupou a maioria das cadeiras do Parlamento josefense. Em São José tudo começou na breve democracia de 1936-1937, quando a euforia liberal elegeu prefeito o interventor João Machado Pacheco Junior e o Partido Liberal Catarinense fez cinco das sete vagas da Câmara, com os dois vereadores mais votados, Joaquim Vaz e Francisco Goedert. Este último foi também o vereador mais votado em 1947 e 1950, feito só conquistado por Natal, também o mais votado por duas vezes, em 1992 e 2004. Em 1947, o prefeito Arnoldo Souza, do PSD, elegeu 7 dos 9 vereadores, todos eles os mais votados. Na eleição de 1950, o PSD de Arnoldo Souza elegeu o sucessor Silvestre Philippi e seis vereadores (os três primeiros mais votados) contra 3 da UDN. Gentil Sandin, o Presidente da Câmara que concluiu o governo do pessedista Silvestre, que renunciou, elegeu a maior bancada em 1954 (cinco a quatro) com, novamente os três vereadores mais votados. Homero de Miranda Gomes, UDN, elegeu cinco dos nove vereadores em 1958, sendo os dois primeiros mais votados e ainda fez seu sucessor João Adalgiso, na eleição majoritária de 1960. No pleito de 1962, os udenistas empataram com o PSD (quatro a quatro) e o PTB fez sua primeira vaga, com Manoel Camilo Madalena. O vereador mais bem votado foi Cândido Amaro Damásio, do partido governista, que Homero elegeu em 1965 seu sucessor. Na primeira eleição do bipartidarismo, o prefeito Candinho, na Arena, elegeu oito dos nove vereadores da Câmara, sendo todos eles os mais votados. Nessa disputa o MDB de São José elegeu seu primeiro vereador, Joaquim José Vieira. Na eleição seguinte, 1969, os mandatos passaram a coincidir e o Prefeito Candinho, elegeu Germano Vieira seu sucessor pela Arena que, concorrendo com dez candidatos, preencheu todas as nove vagas do Parlamento. Germano governou com maioria absoluta e em 1962 fez o sucessor, Arnaldo Mainchein de Souza, o “Neco”. Novamente a Arena de Germano carimbou todas as onze vagas de vereador. Quatro anos mais tarde, 1966, Neco fez sucessor Geci Thives e a Arena elegeu nove dos treze vereadores. Iniciava-se a carreira política mais duradoura de nossa historia. Orvino concorreu pela primeira vez, e foi o segundo vereador mais votado do MDB. Já entrou com o pé direito, pois a legislação eleitoral, esticou seu primeiro mandato para seis anos. Na eleição de 1982, Constâncio Krummel Maciel, que sucedeu Geci Thives em mandato tampão, elegeu seu sucessor Germano Vieira, pela segunda vez e o PDS, antiga Arena fez uma bancada de nove vereadores, contra oito do, agora, PMDB. Germano migrou para o PFL e em 1988 elegeu prefeito seu sobrinho Diocéles. Os votos brancos e nulos foram maiores que os conferidos ao prefeito eleito: 15.793 a 13.321. O desgaste de sua segunda gestão resultou em minoria no Parlamento, sete das dezenove vagas. Mesmo assim o PFL fez a maior bancada. As demais vagas ficaram com PDS/PDC, cinco; PMDB, quatro; PDT, dois e PSC, um. Nessa eleição o PT iniciava sua história em São José, concorrendo com apenas sete candidatos, que somaram, ao todo, 125 votos. Rosangela de Souza, a mais votada da sigla, fez 45 sufrágios. Na eleição de 1992, o pefelista Diocéles, elegeu o tio Germano pela terceira vez, num resultado altamente suspeito e o partido fez oito dos vinte e um vereadores, sendo do mesmo os seis primeiros mais votados. Entretanto, a maioria parlamentar oposiosonista afastou o prefeito dois anos depois. Gervásio Silva, vice-prefeito e sucessor de Germano, realizou um governo empreendedor e emplacou Dário Berger em 1996, numa campanha iniciada com 3% de apoio popular e a coligação PFL/PMDB elegeu dez dos vinte e um vereadores, todos com expressiva votação, sendo Adi Xavier o primeiro. Dário fez um dos maiores dos governos josefenses e em 2000 conquistou 84,72% dos votos apurados. Sua ampla coligação conquistou quinze das vinte e uma vagas de vereadores, sendo Fernando Elias, Secretário de Educação o mais votado. Adeliana, da Saúde, foi a segunda colocada. Dário e seu grupo político deixaram o PFL e fortaleceram o PSDB, que elegeu o sucessor Fernando Elias em 2004, numa coligação (PSDB, PMDB e PTB) que fez sete dos doze vereadores. No mesmo ano, transferiu o domicilio eleitoral para a Capital, elegeu-se Prefeito e governou Floripa por oito anos. Durante 76 anos, a máquina pública josefense só fracassou em campanhas por quatro momentos: na eleição de 1955 o pessedista Gentil Sandin, não elegeu Antonio Machado, o “Machadinho”, seu sucessor, pela força de Homero de Miranda Gomes, médico respeitado que concorreu na UDN do governador Irineu Bornhausen. O PSD entretanto elegeu 5 dos nove vereadores, três deles os mais votados. Em 2004 o prefeito Vanildo Macedo, PSDB, virou a casaca 15 dias antes da eleição em favor de Gervásio Silva, PFL, atitude que sacramentou a derrota de Gegê para Fernando Elias. A coligação vencedora para prefeito emplacou sete dos doze vereadores. Na eleição seguinte, a administração turbulenta de Fernando Elias, barrou sua reeleição, lhe reservando um 4 lugar na disputa, elegendo apenas três dos treze vereadores. Djalma Berger tornou-se prefeito pelo PSB com apenas um vereador (Sanderson de Jesus), mais dois do PR. Fez várias alianças equivocadas para governar e perdeu em 2012 para Adeliana Dal Pont, apesar de sua coligação ter conquistado dez das treze cadeiras da Câmara. Seis delas só de seu partido, o PMDB.



Gervásio Silva, PFL, quarto Deputado Federal mais votado em 1998 (79.791 votos, sendo 30.134 só de São José). Reelegeu-se em 2002 (113.137 votos, dos quais 22.548 de São José). Em 2004, a máquina pública o derrotou para prefeito, pelo apoio oportunista de última hora do titular Vanildo Macedo, do PSDB