Barro Branco dividida
Em tempos difíceis, o casal Eugenio Raulino Koerich e Dona Zita possuía uma pequena venda em Rancho de Tábuas, Angelina. Semanalmente, abasteciam a carroça com produtos coloniais e seguiam para vendê-los em São Pedro de Alcântara. No retorno vinham abarrotados de produtos necessários à sobrevivência dos agricultores, sal, querosene, trigo e remédios. Numa dessas voltas, um forte temporal os obrigou a pernoitar na casa do amigo Kiliano Kretzer, na localidade de Barro Branco, quase divisa entre São Pedro e Angelina. Nascia ali uma grande amizade. Anos depois, já morando no Sertão do Maruim, retornaram em visita ao casal. Dona Joana estava “embuchada” novamente, à espera de seu penúltimo filho. Não sabia precisar-se homem ou mulher, pois ainda não haviam inventado o ultra-som. Zita Koerich sugeriu a amiga o nome do próximo filho, se homem. Em 26 de dezembro de 1938 nasceu o herdeiro. Em homenagem ao casal amigo, Kiliano e Joana registraram o primogênito com o nome de Aldi Kretzer.
Kiliano Francisco Kretzer só tinha mais um irmão do sexo masculino, Leopoldo, e uma dezena de irmãs, e era o homem mais rico da região. Fortíssimo comerciante, abastecia todos os hospitais da Ilha e do Continente, a penitenciária, o Abrigo de Menores e centenas de pequenas bodegas. Homem de uma grande bondade, era muito bem quisto e querido por todos. Seu armazém em Barro Branco tornou-se ponto obrigatório de parada. A visível riqueza não o distanciava dos mais humildes, dentre eles o pobre Eugênio, que lutava com poucos recursos pela sobrevivência.
Kiliano ali nasceu em 8 de junho de 1896. Herdou do pai Francisco Antonio Kretzer o tino para os negócios. Tinha poucos estudos e uma visão futurista invejada.
Na eleição de 1950, o povo de São Pedro de Alcântara aguardava ansioso o resultado de uma inusitada disputa eleitoral. O poderoso Kiliano do PSD, com seu inseparável chapéu, concorria as urnas com o irmão Leopoldo, de São Pedro pela UDN apurados os votos, o resultado surpreendeu a todos. Kiliano isolado em Barro Branco, ganhou a eleição com 196 votos. O irmão Leopoldo, do Centro da cidade fez apenas 142 e ficou na primeira Suplência. Ambos nunca mais disputaram eleições.
Filho de Francisco Antonio Kretzer e Maria Schmitt, Kiliano prosperou. Além do grande comércio, era proprietário da Rodoviária Garcia, hoje Santa Terezinha, uma frota de 8 ônibus que fazia a linha Garcia- Florianópolis. Sua casa em Barro Branco era sempre muito visitada e a recepção acolhedora. Festas de aniversário e casamento viravam a noite. O casamento de Kiliano ocorreu em 15 de agosto de 1926, dois meses após ele completar 30 anos. A descendência numerosa resultou em 11 filhos, sendo 5 homens e 6 mulheres.
Casa de KILIANO
KRETZER – Barro Branco
JOANA SCHMITT KRETZER,
esposa de Kiliano, leva o filho Osli ao altar.